Aviso:
Esta posta não é sonoramente amigável. Nem pretende ser.
É serviço público para um público muito restrito. Uma espécie de RTP2 para quem gosta de desafios sonoros. E a palavra chave é desafio.
Os Swans, de Michael Gira, são uma instituição no mundo da música alternativa. As fronteiras das convenções musicais não têm lugar nesta banda. Aquilo que o maestro Gira leva a sua orquestra a tocar pode ser definido, no máximo, como incomodativo. Não pretende ser comercial, nem radio friendly.
O experimentalismo que já vem da década de 80 colocou sempre os Swans em prateleiras próximas de Glenn Branca ou mesmo dos Sonic Youth. Mas o som praticado pelos Swans aponta para algo mais primitivo, quase de consciência tribal, onde a repetição da mesma nota durante minutos a fim, torna-se um mantra, sempre em crescendos, sempre a atingir picos sonoros que por vezes roçam o insuportável. Podem vir falar de proximidade com o pós-rock, especialmente graças às progressões sonoras até apogeus de descargas a roçar o ruído. Sim, há bases e caminhos comuns, mas os Swans testam a paciência (e resistência) do seu ouvinte/espectador como poucas bandas o fazem. E não me refiro à mediocridade que graça em 90% da música que é editada anualmente. Refiro-me à disponibilidade física e mental que nos é exigida para ouvir a música de Gira.
Os Swans não são um projecto fácil. A personalidade musical de Gira é forte, determinada, sempre em confronto com a mediania da actualidade. Aquilo que for incómodo para o mainstream, é o charco onde estes cisnes chapinham.
Fiquem com o primeiro avanço, "A Little God In My Hands", para o mais recente álbum, "To Be Kind" (que de meigo não tem nada), que será editado para o próximo mês.
Para os poucos (um ou dois cibernautas) que ainda ficaram alguma curiosidade de como funciona a orquestra de ruído de Michael Gira, é espreitar esta actuação, que é um excerto da música "We Rose From Your Bed With the Sun in Our Head". Que só tem 23 minutos...
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