quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A espada que pende sobre todos.

Apesar de andar ocupado com a digressão de celebração do vigésimo aniversário de "Poses", o seu segundo (e magnífico) álbum de originais, Rufus Wainwright não quis deixar de comentar a actual situação política dos EUA e lançar um apelo ao voto nas eleições (midterm elections) de novembro.

E fê-lo como ele melhor sabe: com uma canção nova, de nome "Sword of Damocles".

O vídeo é da responsabilidade de Andrew Ondrejcak e com a participação do actor Darren Criss. O guarda-roupa é de Vivienne Westwood.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Ainda na Coreia, mas mais a norte.

Os eslovenos Laibach (nome alemão para Liubliana, a capital da Eslovénia) sempre foram um ovni na música moderna europeia. O projecto nascido em Trbovlje, no ano de 1980, nunca se pautou pelo convencional nem pelo facilitismo. A atitude provocatória dos Laibach, que basearam a sua imagem nos arquétipos visuais de regimes totalitários nacionalistas, rapidamente chocou com as 'soviéticas' Eslovénia e Jugoslávia da época. Musicalmente, o começo dos Laibach também não foi de fácil digestão: som pesado, altamente influenciado pelo rock industrial e vocalizações guturais, cortesia do cantor Milan Fras. Para uma melhor compreensão da carreira dos Laibach recomendamos a consulta da biografia oficial na página da banda.

Mas como é de novidades que gostamos, vamos ao que interessa: o novo disco que os Laibach vão editar no dia 23 de novembro, "The Sound of Music". O nome não vos é estranho? Pois então lembrem-se de Julie Andrews a rodopiar nos Alpes, criancinhas loiras a cantar na Áustria nazi e a RTP a passar esta porcaria em todas as tardes do dia de Natal. Exactamente, esse "The Sound of Music", ou "Música no Coração", como chamaram por cá...

Para juntar mais confusão a uma posta já bizarra, falta perceber o que é que a Coreia do Norte tem a ver com esta salgalhada europeia. Aqui fica a resposta oficial da banda:

The Sound of Music was conceived when Laibach were infamously invited to perform in North Korea in 2015. The band performed several songs from the 1965 film’s soundtrack at the concert in Pyongyang, chosen by Laibach as it’s a well-known and beloved film in the DPRK and often used by schoolchildren to learn English. Laibach are joined by Boris Benko (Silence) and Marina Mårtensson on vocals and the album gives the Laibach treatment to tracks such as ‘My Favorite Things’, ‘Edelweiss’, ‘Do-Re-Mi’ and ‘Maria’, here reworked as ‘Maria / Korea’ (“How do you solve a problem like Maria / Korea?”).

Os singles conhecidos são estes: "The Sound of Music", realizado por Morten Traavik e Uģis Olte, e "My Favorite Things", de Tomislav Gangl e Luka Karlin.

Perturbador e bonito. São os adjectivos que se impõem.




sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O verdadeiro fenómeno coreano.

Nos tempos que correm, sempre que recebemos novidades da península da Coreia, ou levamos com mais um capítulo do romance entre o ditador do Norte e o aspirante a ditador do Norte das Américas, ou alguém juntou mais uma dúzia de adolescentes do Sul e pariu uma nova banda de K-pop. Nem os gigantes tecnológicos coreanos conseguem ter tanto destaque nas redes sociais como estes dois quistos sebáceos têm tido nos últimos anos...

Felizmente que, no meio de tanta porcaria, há sempre um raio de luz que restaura a nossa fé na capacidade criativa da humanidade. Chamam-se Jambinai, são duas senhoras, Kim Bo-mi e Sim Eun-yon, e um senhor, Lee Il-woo, e são oriundos de Seoul. Praticam uma sonoridade que se pode encaixar no post-rock, com laivos de metal, conseguida através do cruzamento de guitarras e bateria com instrumentos musicais típicos da Coreia como o haegeum, o taepyeongso, o piri e o geomungo. Parece estranho, mas é absolutamente delicioso.

Façam o favor de descobrir estes talentos sul-coreanos nos vídeos de "Time Of Extinction", do álbum de estreia "Différance", ou as actuações ao vivo dos temas "They Keep Silence" e "For Everything That You Lost".

Curiosidade: os Jambinai foram um dos momentos altos da cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno, de 2018, em Pyeongchang. Espreitem aqui.






quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Showtime!

Mais uma para os Justice: "Love S.O.S. (WWW)" é o mais recente single de "Woman Worldwide", a versão musculada e aumentada em jeito de best of do álbum "Woman", de 2016, que já abordámos aqui.

O vídeo é de Edouard Salier.



Vale a pena procurar os vídeos das actuações mais recentes de Gaspard Augé e Xavier de Rosnay. O espectáculo de luz e som que os franceses têm na estrada, e que passou pelo Altice Arena, no SBSR 2018, é uma bela festa! Mas imprópria para epilépticos...

terça-feira, 16 de outubro de 2018

O "Sledgehammer" do século XXI.

Lembram-se do famoso vídeo de "Sledgehammer", de Peter Gabriel, em 1986?

Aqui fica um derivativo mais alucinado, qual homenagem carregada de psicotrópicos: "He’s Got His Mother’s Hips", realizado por Casey & Ewan. O vídeo promove o segundo single de "Love Is Magic", o mais recente trabalho de John Grant.

A propósito do vídeo, aqui fica o testemunho de um dos realizadores, Ewan:

I just thought it was about time for another Peter Gabriel 'Sledgehammer' video and John was up for it. 13 animators in total, including us - unlucky for some… The highlight for me was 24 hours in the cool drizzle of Iceland to meet up with John, at the height of the British heat wave.

Manias de grandeza.

Em 1992, os Primal Scream tinham o rei na barriga: "Screamdelica" era um fenómeno global, quer de vendas, quer de crítica, valendo-lhes um Mercury Music Prize, eram citados e referenciados por todas as publicações da especialidade e esgotavam os recintos onde actuavam. Eram uns senhores.

Entre esse ano e 94, a trupe de Bobby Gillespie, Andrew Innes e Martin Duffy gravou e editou "Give Out But Don't Give Up". Entre Londres e Memphis, os Primal Scream acharam que podiam ser os novos The Rolling Stones e enveredaram por uma sonoridade cheia de referências R&B, Delta Blues e Rock N'Roll. A rádio adorava canções como "Rocks" e "Jailbird", mas os fãs que tinham descoberto os Primal Scream, via a onda acid-house de "Screamdelica", estavam lixados da vida. Felizmente, em 1997, a banda sossegou os seguidores mais hardcore com o magnífico "Vanishing Point".

24 anos depois, aproveitando a onda de nostalgia que se abate sobre as bandas com carreiras longas, os Primal Scream decidiram recuperar as gravações originais de "Give Out But Don't Give Up" feitas em Memphis, editando-as com o título "Give Out But Don’t Give Up - The Original Memphis Recordings". Estas novas (velhas) versões soam mais soul, com mais ênfase nos metais que adornavam as músicas. Não são melhores nem piores do que aquilo que conhecemos da década de 1990. Uns fãs ficarão contentes, outros completamente desinteressados por este achado arqueológico.

Façam o vosso juízo dos 'novos' "Jailbird", "Rocks" e "Big Jet Plane", que teve direito a vídeo, ao melhor estilo fomos-uns-gandas-malucos...





segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Vai haver barulho. - II

É para dia 27 de novembro, no Lisboa ao Vivo, mas já andamos a salivar por ver estes tipos ao vivo. Os IDLES são a nossa coqueluche raivosa mais recente e é sempre um prazer desconcertante ver os ingleses ao vivo. Nem que seja pela diversão caótica que provocam, como se pode atestar pela performance da banda no nosso mui estimado Later… with Jools Holland.

A canção é "Danny Nedelko".

Emissão retomada.

A ausência foi longa, mas estamos de volta para meter as novidades em dia.

Aqui vão elas, todas no feminino:

"I Shall Love 2" é o primeiro single de "Aviary", o novo trabalho de Julia Holter, que será editado dia 26 deste mês. O vídeo é de Dicky Bahto.




"Hunter", a canção que dá o título ao último álbum de Anna Calvi, é o mais recente single da inglesa. O vídeo é de Matt Lambert.




As The Breeders, das manas Kim e Kelley Deal, voltaram com um belo disco, "All Nerve". "Spacewoman" é a mais recente amostra. O vídeo é de Richard Ayoade.




Princess Chelsea tem um novo disco, "The Loneliest Girl". Não sendo um grande disco, tem os seus momentos, como este "Growing Older", o mais recente single. O vídeo foi realizado pela própria artista, que recorreu a filmagens caseiras da sua família, gravadas entre 1990 e 2002.