quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Já foste. - III

Nesta altura do ano há sempre tendência a haver um número superior de mortes. E, sem querer tornar o Duotron numa página de obituários, tem que se falar e recordar aqueles que nos deixam e que, de algum modo, contribuíram para muitos momentos de prazer musical de alguns de nós.

Segunda-feira faleceu John 'Brad' Bradbury, o baterista mais reconhecível dos The Specials. Bradbury, tal como os restantes seis elementos fundadores da banda, são naturais de Coventry, no centro de Inglaterra, uma antiga zona industrial fortemente atingida pelos bombardeamentos nazis durante a II Guerra Mundial e que nunca recuperou economicamente nas décadas a seguir ao conflito. O desemprego, os conflitos sociais e raciais e a crítica às políticas neoliberais de Margareth Thatcher foram algumas das preocupações presentes nos dois únicos álbuns ("Specials" e "More Specials") gravados pela formação original da banda.

Fiquemos pois com este "A Message to You, Rudy", gravada originalmente por Dandy Livingstone em 1967 e tornada famosa pelos The Specials em 1979.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Já foste. - II

Mais uma lenda nos deixou neste final de 2015. Desta vez foi o inglês Lemmy Kilmister, líder, cantor e baixista dos Motörhead desde os anos 1970, também músico dos Hawkwind, e instituição do estilo de vida rock.
A sua música enérgica e rápida, o estilo rouco de cantar de Lemmy e a forma contundente como tocava o seu baixo, acabaram por influenciar sucessivas gerações, do punk ao metal.

A sua maneira de pensar, muito lúcida e crua, é também um legado que nos deixa. Eis algumas citações:

“If you're going to be a fucking rock star go be one. People don't want to see the guy next door on stage; they want to see a being from another planet. You want to see somebody you'd never meet in ordinary life.”

"People have forgotten that sex is fun. It's the most fun you can have without laughing. People have forgotten that. It's all deadly serious. AIDS. You can get gonorrhea from a blowjob. So what? That's the risk you have to take. If you're going to have sex, fuckin' have sex and be happy about it. Don't be looking over your shoulder all the time. It ruins everything."

"I don't do regrets. Regrets are pointless. It's too late for regrets. You've already done it, haven't you? You've lived your life. No point wishing you could change it."

Ouçam este "Rock Out" como o Lemmy gostaria: MUITO ALTO!

R.I.P. - IV

O senhor Lemmy já sabia do que falava...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Nesta bela quadra...

Embalemos quem, nesta época de migrações, regressa à esquina da sua terrinha, com este "Lawrence & MacArthur", último single de Daniel Knox, do seu álbum homónimo.
O video é do próprio Knox.

Oh, oh... Oh!?!?

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Peças delicadas.

O duo Matmos, de M. C. Schmidt e Drew Daniel, está de regresso, assim como o projecto a solo de Daniel, The Soft Pink Truth. Para já, "Why Pay More", o novo disco dos The Soft Pink Truth, é uma maravilha para os ouvidos, cheio de colagens hilariantes, servido sobre ritmos que vão do dub step ao house e electro. Já de "Ultimate Care II", que os Matmos vão lançar em fevereiro, só conhecemos este primeiro single, "Ultimate Care II Excerpt Five".
Gostámos.
Queremos mais, por favor.
Bem lavadinho e bem esfregadinho.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Mar de sopros.

"Sea of Brass" é a mais recente gravação dos British Sea Power, que engloba três discos de actuações ao vivo da banda, acompanhados por orquestras britânicas de metais e percussão, conhecidas como Brass Bands, que tiveram a sua origem no século XIX.

Como amostra, servimos "Atom", do álbum de 2008 "Do You Like Rock Music", abrilhantada pela Redbridge Brass, sob a batuta de Peter Wraight, ao vivo no londrino Barbican.

Canção do ano.

Já a elogiei vezes sem conta.
"Let It Happen" é canção do ano, na minha imodesta opinião, e vai daí, aqui ficam os Tame Impala, a recriarem-na na perfeição, numa Deezer Sessions, em Paris.

Onde está a banda?

Os The Vaccines, ao vivo, nos Vevo Go Shows, em Londres, com o tema "Nørgaard", do primeiro álbum da banda,"What Did You Expect From The Vaccines".

O que eu acho fantástico, nesta geração de infodependentes, é a preocupação deles em tirar fotos e m#rdas de 'selfies', em vez de viverem o momento...


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O que eles têm lá em baixo.

Novo single para "Grey Tickles, Black Pressure", de John Grant. O escolhido foi "Down Here", com o seu sintetizador marado no refrão. Continuamos à espera que a melhor canção do álbum, "You and Him", tenha direito a ser single e ter um video à altura.

Para já, assistimos aos dramas de sair do armário para cair na piscina, cortesia da realizadora Lisa Gunning, responsável pelos últimos videos de Goldfrapp, para o álbum "Tales of Us".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Quasi-atropelamento.

Hoje fui atropelado por esta recordação. Quase literalmente, diga-se. Ia na minha vidinha, a atravessar a rua, quando um energúmeno na sua carrinha de distribuição decide passar um sinal vermelho e por pouco não me levava a ponta dos sapatos.

Depois de ter desejado saúde à sua mãezinha é que percebi que o senhor não me deve ter ouvido, tal a discoteca que seguia dentro daquela viatura. E o que musicava o cantante daquele chulo (perdoe-me, mãezinha)? Stories, dos norte-irlandeses Therapy?.

Esta veio mesmo lá do fundo do baú! Assisti a um concerto dos Therapy? pela primeira e única vez no Super Rock Super Bock de 1995, a par de bandas como os Morphine, The Cure ou Faith No More. Na altura pareceu-me um cartaz fabuloso e, bem vistas as coisas, era-o certamente. Vinte anos depois quem desdenharia ver novamente uma dessas bandas? Eu certamente que não.

Do álbum "Infernal Love", de 1995, "Stories".

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Mais um hype?

Anda por aí meio mundo fascinado com este Will Toledo e o seu projecto Car Seat Headrest. Críticos e pseudo-especialistas (olha, vai-se a ver e nós estamos nesta categoria!!) elogiam o norte-americano como sendo the next-big-thing da música alternativa, o novo rei da indie music. Por cá, não andamos tão excitados quanto isso, mas também só ouvimos um par de músicas. O álbum, supostamente, saiu hoje e chama-se "Teens of Style". Se lhe dermos uma audição mais cuidada, daremos uma opinião mais fundamentada.

R.I.P. - III

O meu grande companheiro de route, Dj Bruto, já disse o que havia a dizer sobre o desaparecimento de Scott Weiland. Continuo o tributo com o que fica, e que verdadeiramente perdurará, a música. Mais dois grandes momentos da discografia dos Stone Temple Pilots, "Lady Picture Show", do álbum "Tiny Music... Songs from the Vatican Gift Shop", e "Atlanta", do álbum "N.º 4", ao vivo.




Já foste.

Confesso que este me custa um bocado. O grunge está lá numa caixinha bem guardada do (meu) passado e só muito esporadicamente merece ser revisitada. Mas não pode ser com facilidade que vemos desaparecer alguém que, em dada altura, era uma voz diária no nosso quotidiano, do qual acompanhávamos as suas peripécias e vida de rock and roller.

Faleceu portanto hoje o Scott Weiland, vocalista dos Stone Temple Pilots, Velvet Revolver, Camp Freddy e, nos últimos tempos, dos The Wildabouts, com os quais estava em digressão. Era daquelas figuras que, mais ou cedo ou mais tarde, esperaríamos que isto acontecesse: uma morte prematura, em função da vida pouco regrada, à imagem do sucedido com um seu contemporâneo, Layne Staley.

Mas bom, ficam-nos as histórias sobre o homem, recordações de um verdadeiro animal de palco (que concerto que deram os Velvet Revolver no Coliseu!) e as óptimas canções que nos legou.

Do primeiro álbum dos STP, "Core" (de 1992) fiquem com este "Creep".



Do álbum seguinte, "Purple" (de 1994), poderíamos retirar muitas coisas, desde "Pretty Penny" a "Vasoline" ou "Big Empty". Optemos pelo single de maior sucesso desse LP, "Interstate Love Song".



Em 1996 foi a vez de "Tiny Music... Songs from the Vatican Gift Shop", para mim o melhor álbum da banda, a fugir bastante às suas raízes, apostando no menos fácil e óbvio. Influências dos The Beatles, jangle pop e shoegaze são notórias e não fora o crescente conflito interno na banda, maioritariamente motivado pelos problemas de álcool e drogas de Weiland, seria provavelmente o álbum comercialmente mais bem sucedido. "Big Bang Baby", um single que ninguém esperaria nos STP de 1992.



Bom, a partir daqui foi quase sempre a descer, muito por culpa do Scott Weiland. Por altura do lançamento do "No. 4" quase que não houve promoção, motivado pela prisão durante um ano de Weiland. Poderíamos falar sobre os restantes álbuns dos STP mas já se percebeu a trajectória, que culminou em 2013 com a sua saída definitiva da banda.

Pelo caminho ainda fez parte dos Velvet Revolver, uma super-banda (que porcaria de termo), que para além de Weiland incluia também Slash, Matt Sorum e Duff McKagan dos Guns N' Roses e Dave Kushner dos Wasted Youth. Mais uma vez este projecto foi prejudicado pelo comportamento pouco profissional de Weiland, que para além de inúmeros outros problemas decidiu entrar numa clínica de reabilitação a meio de uma tournée.

Enfim, chega de confusões. Fiquem com "Slither", provavelmente o single mais conhecido dos Velvet Revolver e prestemos homenagem à alma atormentada deste verdadeiro homem do rock.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O desprezo pela arte.

Foi o último concerto que vimos no Vodafone Mexefest. Nicolas Godin deu um bom concerto, repleto de profissionalismo e mestria. O mesmo não se pode dizer do público. Má educação e falta de civismo foram as notas dominantes em grande parte dos concertos deste Mexefest. Poucos respeitam o talento e a labuta musical, demonstrando ainda menos compreensão para com as outras pessoas com quem partilham o mesmo espaço. O que importa são eles e o seu egoísmo acéfalo. Replicam em salas públicas de espectáculos o mesmo que fazem no círculo social de amigos reais e virtuais: falam, berram, riem, insultam-se e comportam-se como se não houvesse mais ninguém à volta, nem consequências para os seus actos. Um bilhete de entrada para um espectáculo tornou-se um livre passe para a estupidez.

O concerto de Nicolas Godin, no teatro Tivoli, foi o triste reflexo dessa estupidez. Quem queria ver o concerto teve de lidar com as pessoas que não estavam interessadas no que se passava em palco. Em vez de saírem para outro concerto ou irem conviver para outro lado, ficaram na sala a fazer barulho, a falar e a incomodar quem queria ver o espectáculo.

Para eles dedico este "Bach Off", que soe como um F#ck Off!

Bolinha vermelha.

Era um dos nomes mais badalados do Vodafone Mexefest 2015: Peaches prometia um grande concerto e, segundo vozes amigas, Peaches cumpriu e deu uma bela actuação, com direito a badalhoquice e banho de espumante. Nós não a vimos pois estávamos entretidos com o Nicolas Godin e tivemos um caso agudo de sociopatia.

Para quem falhou este happening, não fique triste, pois Peaches está volta ao nosso convívio com o single "Rub", canção que também dá nome ao álbum. Voltamos a aplicar uma expressão que usámos ontem para os Suede: isto é Peaches em modo cruzeiro. Nada de novo, nada de estranho, tipicamente o que esperávamos dela.

Foquemos então no que ultimamente tem valido a pena com a Peaches: os videos. E o video de "Rub" é Peaches a roçar a fronteira do bom/mau gosto. Não somos puritanos e temos asco a esse género de parasitas. Pomos aqui o video sem censura, ao contrário do que o Youtube faz. Mas fica a questão: agora que já se despiu, masturbou-se, comeu (e deu-se a comer) e presenteou os espectadores com um belo xixi, o que resta a Peaches como arma de choque à cultura mainstream?

Para verem à vossa responsabilidade. Se não gostam do que referimos acima, sigam para a próxima posta.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Coisa bonita.

Uma melodia bonita para acompanhar este final de tarde solarengo. SKy76 com "In the depths of the memory", do álbum "Close-Up". Precisão na construção, equilíbrio, beleza harmónica. Um verdadeiro trabalho de relojoeiro.

Brincar ao passado.

Como já aqui divulgámos, os Suede vão lançar um álbum novo dia 22 de janeiro de 2016. Chama-se "Night Thoughts" e começou com uma campanha publicitária bem interessante, pois associava o novo disco a um filme, como referimos no link acima.

Agora chega-nos mais um single deste álbum, "Like Kids", que é Suede em modo cruzeiro, mas que não deixa de ser uma boa canção para o palco. Quanto ao video, esperávamos mais, depois do tal filme associado ao novo álbum. A única coisa engraçada do video é a referência visual à capa do segundo álbum da banda, "Dog Man Star".



Ao Micas

Dedicado ao Micas e à respectiva dona. Com vídeos como este, quem precisa de drogas...?

Do álbum "Crystal Station 64", dos japoneses Crystal, editado em Outubro deste ano através da Flau Records, fiquem com este "Rendez-Vous".

Fim do hiato.

Tem muito de Young Gods (e um bocadinho de FSOL, vá lá) este "The Ship" dos Black Rivers. Bom, a versão original não tinha muito disso mas esta "Invisible Cities Remix" transmite-lhe algumas características pós-modernistas e industrias típicas das duas bandas referidas.

O álbum homónimo dos Black Rivers foi lançado no início deste ano. Representa na prática, ainda que não na forma, o regresso dos Doves, agora numa versão em dois terços, apenas com os irmãos Andy e Jez Williams. Apesar do bom álbum, escolhi antes duas músicas do seu Remix EP, lançado através da Ignition Records em Novembro passado. Fiquemos pois com remisturas dos Invisible Cities e de Rebelski para os temas "The Ship" e "Deep Rivers Run Quiet"



terça-feira, 1 de dezembro de 2015

4 graus e qualquer coisa.

Antony Hegarty, dos Antony and the Johnsons, tem uma nova persona: ANOHNI.
Pelos vistos essa personagem também compõe e canta. Fixe, a malta gosta de gente com talento, por muito estranha que seja.
Assim, aqui fica "4 Degrees", o primeiro single do álbum "HOPELESSNESS", de ANOHNI, que deverá sair lá para a primavera de 2016.

O retorno a velhos hábitos.

Já há algum tempo que não postava nada de electro swing. E certamente que não é por falta de novos projectos, novos álbuns e atenção a este sub-estilo da música mais dançante, como pude constatar recentemente na última passagem por Londres.

Mas os Caravan Palace já não são uns novatos neste mercado. Este "Lone Digger" faz parte do terceiro longa-duração da banda fancesa, lançado em Outubro último e com o bonito título de "I°_°I". Sim, é mesmo aquilo. E aquilo significa? Não sabemos. Mas como ninguém parece saber, já há quem lhe chame "Robot Face". Parece-me bem.

Mecanismos de relógios.

Promete bastante o novo "Escapements" do duo de Brooklyn Thomas Mullarney III e Jacob Gossett, que assinam pela Ghostly International sob o nome Beacon.

Previsto para Fevereiro de 2016, o avanço para o álbum é este "Preserve", um título que bem podia fazer parte do catálogo da Warp ou ser ao invés uma faixa melódica e escura de um LP dos Underworld com a voz dos GusGus. "Escapements", expressão retirada do universo relojoeiro, nomeadamente do mecanismo que ajuda a regular o compasso de um relógio, é bem aplicada a este álbum: previsibilidade (no bom sentido), eficiência, óptima produção.