sexta-feira, 29 de março de 2019

Napalm para cima deles.

Os Rammstein estão de regresso, com novo álbum e novo single. Como habitualmente, nada é deixado ao acaso e a provocação vai até aos limites. Parece que aquilo lá pela Alemanha tem provocado algumas reacções efusivas...

Mas bom, já nada admira. No outro dia uma ministra sueca apareceu de rastas e foi acusada de apropriação cultural. Ou então o caso de uma representação de uma tragédia grega em que os actores pintaram a cara de preto e foram acusados de racismo.

Portanto, Beyoncé, Rhianna, Mariah Carey, é favor usar carapinha pois cabelos esticados é uma apropriação cultural que estão a fazer. E brasileiros com restaurantes de sushi? Apropriação cultural.

O melhor é fazer como os Rammstein em concerto: napalm para cima deles todos e assistir de bancada a isto a arder.

segunda-feira, 25 de março de 2019

R.I.P. - XXII

Murro no estômago: perdemos Scott Walker.

Aos 76 anos de idade, desaparece um dos artistas norte-americanos que melhor combinou a luz e a escuridão na criação de peças musicais.

Nascido Noel Scott Engel, foi com o apelido artístico de Walker que o mundo o descobriu e venerou. Formou os The Walker Brothers, em 1964, com John Maus e a Gary Leeds, que também se tornaram Walker. Entre 1965 a 1967, conquistaram os tops mundiais com clássicos pop, chegando a rivalizar com os The Beatles nos tops ingleses. Mas Scott Walker não era fã do estrelato nem da fama popularucha, e, em 1967, decide começar a compor e a gravar a solo. Edita quatro álbuns absolutamente essenciais: "Scott" (1967), "Scott 2" (1968), "Scott 3" (1969) e "Scott 4" (1969), todos sob a sombra de Jacques Brel, de quem Scott era um fã assumido.

Os The Walker Brothers voltam a reunir-se em 1975 e, ao fim de dois álbuns banais, decidem assumir toda a escrita e composição de "Nite Flights", álbum maior de 1978. Scott Walker ensaia nesse álbum novos métodos de trabalho e de criação, que o inspiram para a sua futura obra a solo. A pop é afastada do seu repertório, o rock alternativo e os movimentos avant-garde entranham-se na obra de Walker. As duas décadas seguintes apenas testemunharam dois discos de originais, "Climate of Hunter" (1984) e "Tilt" (1995). Este último é uma obra fascinante, visceral e difícil, que cruza o rock industrial com música clássica. "The Drift" (2006), "Bish Bosch" (2012) e "Soused" (2014) são obras de maturidade da veia experimentalista iniciada em "Tilt", discos de difícil audição para o ouvinte comum, mas referências musicais únicas para inconformistas e melómanos.

Scott Walker compôs também bandas sonoras para "Pola X" (1999), de Léos Carax, "The Childhood of a Leader" (2016) e "Vox Lux" (2018), ambos de Brady Corbet.

Na hora da despedida, recordamos momentos marcantes da obra de Scott: "After The Lights Go Out", de "The Sun Ain't Gonna Shine Anymore" (1966), "It's Raining Today", de "Scott 3", e "Farmer in the City (Remembering Pasolini)", de "Tilt".





quarta-feira, 20 de março de 2019

Versões - LXXIV

Parece que têm havido umas queixas sobre a extrema erudição deste blogue, que está afastado das correntes musicais actuais e que não conecta com a juventude deste país.

Ainda não vamos começar com a publicação dos grandes Flo Rida, Akon ou Don Omar. Mas, dando passos pequeninos, recordamos duas grandes bandas do passado, os Vengaboys e os Aqua. Quem mais poderia ter versos tão eloquentes como estes:

"Boom boom boom boom
I wanna double boom
And spend the night together
Together in my room"

Era bonito, não era? Mas não vai ser. Versão das The Prettiots para dois sucessos de Verão dessas bandas do Euro-Dance. Acompanhem estas meninas, que ainda só têm um álbum, "Funs Cool", mas que parecem ter jeito para a coisa.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Coisas que nos fazem felizes. - III

Hoje à noite vai haver romaria para ver Ólafur Arnalds no Coliseu dos Recreios.

Fiquem com o vídeo de "Doria", uma das peças que ouviremos mais logo, do álbum "Island Songs", de 2016. O vídeo é de Baldvin Z. Espreitem também um dos pequenos vídeos que documentam a actual digressão, gravado no dia 10, no Theatro Circo de Braga.



terça-feira, 12 de março de 2019

R.I.P. - XXI

Faleceu hoje, com 90 anos, um dos maiores bateristas do século XX, Hal Blaine. Nascido a 5 de fevereiro de 1929, nos EUA, Harold Simon Belsky 'Hal Blaine', é um herói desconhecido, pois fez a sua carreira como músico de sessões de gravação, integrando a genial Wrecking Crew, um colectivo de músicos de estúdio que assegurou a música de alguns dos maiores clássicos da pop moderna.

"Be My Baby" (The Ronettes); "I Get Around", "Help Me, Rhonda" e "Good Vibrations" (The Beach Boys); "Mr Tambourine Man" (The Byrds); "These Boots Are Made for Walkin'" (Nancy Sinatra);
"Mrs. Robinson" e "Bridge Over Troubled Water" (Simon & Garfunkel); "Strangers in the Night" (Frank Sinatra). Estes são apenas alguns dos hits que tiveram Hal Blaine na bateria, que contava com mais de 35 mil gravações no seu currículo.

Se estes inícios de bateria não vos causarem arrepios, então estão prontos para fazer tijolo...



sexta-feira, 8 de março de 2019

Eco-disco.

Johnny Marr, a parte tragável dos The Smiths, tem tido uma actividade profícua nos últimos tempos. Depois de ter lançado no ano passado o seu quarto álbum a solo (incluindo o que gravou com os The Healers), "Call the Comet", temos agora um single isolado, eventualmente a incluir num próximo LP que Marr já disse estar em fase de preparação.

"Armatopia" debruça-se sobre um tema actual: as alterações climáticas e as políticas incongruentes que os governos de diversos países do mundo têm assumido sobre esta temática. Em entrevista à NME, Marr aponta já que o seu próximo álbum será um "eco-disco", com a ecologia e o ambiente como temas centrais. "Armatopia" soa a New Order, o que não é necessariamente mau (sendo que, neste caso, também não é necessariamente entusiasmante). Aguardemos pelos capítulos que se seguem.

Girl power!

A estrela do vídeo de "We've Got To Try", o mais recente single dos Chemical Brothers, tem quatro patas, chama-se Shadow e é uma bela cadela. Mais uma vez, é bem mais entusiasmante o vídeo do que a música. A realização esteve a cargo de Ninian Doff.

O álbum "No Geography" sai no dia 12 de abril.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Primeiro flop do ano?

Já há data de lançamento para o novo disco dos Vampire Weekend: dia 3 de maio. Tem como título "Father of the Bride" e uma capa aleijadinha de feia.

Também já tivemos direito a conhecer três músicas do álbum e o entusiasmo é zero. Fiquem com "Harmony Hall" (o primeiro single e que já teve direito a vídeo, realizado por Emmett Malloy), "Big Blue" e "Sunflower".






Lidar com a perda.

Chama-se "Why Hasn’t Everything Already Disappeared" e é o mais recente álbum dos Deerhunter, projecto de Bradford Cox. A faixa de abertura do disco e o primeiro single a ser extraído do álbum, "Death in Midsummer", é uma reflexão sobre o falecimento de pessoas próximas de Cox, sobretudo a morte do ex-baixista da banda, Josh Fauver, em 2018.

O vídeo é de Marisa Gesualdi

Mais uma sofrida cantautora.

Primeiro LP do projecto The Japanese House" da britânica Amber Bain, "Good at Falling" teve lançamento no passado dia 1 de Março, sendo este "Maybe You're the Reason" um dos singles de avanço. Traz-nos ambientes similares ao que Bain tinha proposto nos EPs que tem vindo a lançar desde 2015, num indie pop com algumas raízes folk. Ainda assim, falta algo às paisagens que os "The Japanese House" nos propõem para que este projecto saia da mediania. Ouve-se mas não convence.

segunda-feira, 4 de março de 2019

R.I.P. - XX

Depois do Mark Hollis parece que não poderia receber uma outra notícia tão má, em termo musicais, num tão curto espaço de tempo. Mas bom, há poços que têm sempre um fundo a seguir ao outro, e para mim isto é bater no manto terrestre.

Os The Prodigy acompanharam todos os meus teen years, pelo que ver o Keith Flint desaparecer é chocante. Não vale a pena dizer muito mais. Fica apenas uma profunda tristeza.

Fica uma conversa entre ele e Richard Russell, o dono da XL Recordings, que editou a maioria dos álbuns dos The Prodigy, assim como o icónico "Firestarter", música que deu a conhecer a muita gente estes techno-terroristas ingleses.




Telemóveis.

Como gostamos de ser um blog sempre em cima do acontecimento e a par das novidades, não podemos passar ao lado do fenómeno Conan Osiris. Pronto, está falado.

Depois do momento escatológico do dia, falemos sobre o foco central deste nosso espaço: música, pessoas que sabem cantar, compositores. Palhaços é no Circo Chen.

Um dos melhores temas da música popular portuguesa, vencedor do Festival da Canção de 1967, canção composta por Nuno Nazareth Fernandes, letra de João Magalhães Pereira, na voz de Eduardo Nascimento.

Telemóveis? Vai à Phone House.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Versões - LXXIII

Quando se fala em história da música electrónica, o tema da série inglesa Doctor Who, de Rob Grainer, executado em colaboração com outra pioneira, Delia Derbyshire, é um marco obrigatório. Estávamos em 1963, altura em que os primeiros sintetizadores comerciais eram apenas objectos de ficção científica. Para a história fica um processo de gravação único e um tema que, ainda hoje, é reconhecido por muitos melómanos. O nosso reconhecimento a estes geniais precursores, assim como a uma série icónica.



Bem mais recente é a versão dos Orbital, single para o álbum "The Altogether", de 2001. Respeita, no essencial, o tema original, ainda que inclua pormenores típicos dos manos Hartnoll.



Finalmente, e para quem tiver algum tempo, sugere-se a visualização deste documentário, uma pequena homenagem à senhora Delia Derbyshire, uma "unsung heroine" da história da música electrónica.