segunda-feira, 25 de março de 2019

R.I.P. - XXII

Murro no estômago: perdemos Scott Walker.

Aos 76 anos de idade, desaparece um dos artistas norte-americanos que melhor combinou a luz e a escuridão na criação de peças musicais.

Nascido Noel Scott Engel, foi com o apelido artístico de Walker que o mundo o descobriu e venerou. Formou os The Walker Brothers, em 1964, com John Maus e a Gary Leeds, que também se tornaram Walker. Entre 1965 a 1967, conquistaram os tops mundiais com clássicos pop, chegando a rivalizar com os The Beatles nos tops ingleses. Mas Scott Walker não era fã do estrelato nem da fama popularucha, e, em 1967, decide começar a compor e a gravar a solo. Edita quatro álbuns absolutamente essenciais: "Scott" (1967), "Scott 2" (1968), "Scott 3" (1969) e "Scott 4" (1969), todos sob a sombra de Jacques Brel, de quem Scott era um fã assumido.

Os The Walker Brothers voltam a reunir-se em 1975 e, ao fim de dois álbuns banais, decidem assumir toda a escrita e composição de "Nite Flights", álbum maior de 1978. Scott Walker ensaia nesse álbum novos métodos de trabalho e de criação, que o inspiram para a sua futura obra a solo. A pop é afastada do seu repertório, o rock alternativo e os movimentos avant-garde entranham-se na obra de Walker. As duas décadas seguintes apenas testemunharam dois discos de originais, "Climate of Hunter" (1984) e "Tilt" (1995). Este último é uma obra fascinante, visceral e difícil, que cruza o rock industrial com música clássica. "The Drift" (2006), "Bish Bosch" (2012) e "Soused" (2014) são obras de maturidade da veia experimentalista iniciada em "Tilt", discos de difícil audição para o ouvinte comum, mas referências musicais únicas para inconformistas e melómanos.

Scott Walker compôs também bandas sonoras para "Pola X" (1999), de Léos Carax, "The Childhood of a Leader" (2016) e "Vox Lux" (2018), ambos de Brady Corbet.

Na hora da despedida, recordamos momentos marcantes da obra de Scott: "After The Lights Go Out", de "The Sun Ain't Gonna Shine Anymore" (1966), "It's Raining Today", de "Scott 3", e "Farmer in the City (Remembering Pasolini)", de "Tilt".





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