Os XTC sempre foram, pelo menos para mim, uma daquelas bandas difíceis de compreender. Tinham qualidade, acho que isso é inegável, mas estavam sempre em contra-ritmo às correntes de música vigentes. Veja-se este "Senses Working Overtime", do álbum de 1982, "English Settlement", numa altura em que a synthpop estava em explosão e as tabelas eram lideradas pelos Dexy's Midnight Runners, Yazoo ou The Human League. Isso não invalida que tenha sido Top 10 na tabela de singles inglesa, mas ficou sempre a sensação de que poderiam ter sido e feito muito mais.
Já na altura que surgiram, nos anos 70, o seu som com mistura de progressive pop, art rock ou mesmo ska fugia aos cânones em vigor, marcados pelas bandas de punk e new wave. Não obstante, os XTC ainda tiveram uma carreira significativa, de 1972 a 2006 e ao longo de 14 álbuns, sempre com os dois elementos base ao leme: Andy Partridge e Colin Moulding. 14 LPs se considerarmos os dois que lançaram como The Dukes of Stratosphear (mais vocacionada para sons psicadélicos).
Os XTC tiveram ainda um problema acrescido para a sua falta de reconhecimento público: a ausência dos palcos a partir de 1982, em função de um esgotamento sofrido por Partridge durante um concerto em Paris. A história tem factos rocambolescos, nomeadamente o cancelamento em cima da hora de um concerto em Los Angeles, no Hollywood Paladium à pinha, por paralisia nervosa das pernas de Partridge, facto que parece ter sido espoletado por a sua mulher ter deitado fora os Valium que lhe tinham sido prescritos desde a adolescência e que o ajudavam a ultrapassar o "medo do palco". Os XTC passaram, a partir daí, a ser exclusivamente uma banda de estúdio, o que certamente não ajudou ao seu maior reconhecimento.
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